O reconhecimento da vida enquanto evento primariamente cíclico em todos os seus aspectos soa óbvio no campo teórico e desafiador no campo prático. A observação da natureza e da História da Humanidade nos coloca de frente a esse fato inquestionável, e momentos como o que estamos vivendo evidenciam a dor e a delícia dessa constatação. O corpo feminino – enquanto fenômeno, matéria densa e sutil em suas multiplicidades –, quando vivido em sua forma natural, é pura manifestação e ensinamento sobre ciclicidade.⠀
Os ciclos se dão no micro e no macro. Os individuais giram, formando as engrenagens dos coletivos, e uns influenciam diretamente nos outros. A mulher compreende muito sobre isso ao observar seu ciclo menstrual. A expansão e a contração, o fora e o dentro, a atividade e a passividade. Percebemos que um fim é sempre um início, que nenhum período é permanente, e que não existe exatamente um bom e outro ruim; que esses conceitos são fluídos, uma vez que o próximo sempre depende do anterior para existir. É um equilíbrio dinâmico. A natureza não sobreviveria a um eterno verão.⠀
A constatação de nossa natureza cíclica é libertadora para as mulheres; nos permite sermos nós mesmas.⠀
Tenho convidado todas a se perceberem profundamente em seus ciclos menstruais nesse momento de ciclo planetário que passamos. Observá-los é também fazer isso longe de julgamentos acerca de cada fase, pois, no lugar de observador atento, podemos entender melhor significados e relevâncias, observar que a própria quarentena tem ciclos, e harmonizá-los junto aos nossos de forma a aprender a potencializar cada um com leveza e crescimento. Já observou se cada uma das fases que você passa pode estar relacionada ao lugar para onde você está caminhando em sua mandala lunar? E em que fase da lua do céu estamos? Esse é o tempo cósmico. Você também está notando que o tempo está correndo diferente? Que tal se expandir às novas observações de si e do mundo? O saudável é o natural.⠀