Mulheres e todos que amam as mulheres! Falar sobre ginecologia natural é falar sobre libertação.
É preciso compreender seu significado mais profundo para encontrar o caminho de cura que tanto se busca. É preciso assumir a responsabilidade e examinar internamente suas sombras mais ocultas.
A dor física que te assola é a expressão do fogo tóxico q vc mesmo permite queimar em seu interior e se espalhar pelo mundo.
Alguém que se propõe a seguir a ginecologia natural tem obrigação de honrar a ancestralidade. Os úteros que nos geraram. Úteros feridos há séculos por opressões e abusos de todo tipo. Respeitar os povos originários, os indígenas massacrados cuja sabedoria ainda sobrevive e vem nos acalentar na doença e que tantas vezes lançamos mão sem agradecer.
Pedir perdão e honrar Pachamama
É preciso pedir perdão de joelhos às mulheres negras e seus úteros escravizados, múltiplas vezes estuprados e que até hoje sangram, choram seus filhos arrancados para arar a terra e gerar o alimento que você come.
Alguém que quer se tratar com a medicina natural muito antes de se achar no direito de ingerir uma planta que a Mãe Terra generosamente nos presenteia tem obrigação de honrá-la. Honrar à terra, servir à Pachamama.
Só se pode falar em libertação se a libertação é de TODAS as mulheres. Das pobres faveladas extremamente vulneráveis à violência e ao machismo, das que dormem nas ruas, das encarceradas, das que namoram outras mulheres, das mães, das que limpam sua casa, das que pensam diferente de você.
Falar de ginecologia natural é falar de feminismo, é falar de todas as mulheres que morreram antes de nós para que hoje pudéssemos falar.
Ginecologia natural é ATIVISMO. E tudo isso é POLÍTICA. Não há como separar.
Somos a unidade que se mistura e somos TUDO o que somos.
Eu, Bel Saide, em nome da ginecologia natural que tenho por missão nessa vida ser uma guardiã, venho dizer-lhes que a inconsciência propositalmente cega de um voto no projeto declaradamente fascista do inominável “vocês sabem quem”, nesse momento decisivo da caminhada evolutiva planetária, coloca mais uma vez diante da fogueira da inquisição a mim e a todas as curandeiras, erveiras, parteiras, benzedeiras, mulheres que lutam por você, por nós!
Nosso sangue menstrual, nossos óvulos, sementes do futuro, a própria natureza, nossa vida.
Podemos mentir para nós mesmas e não querer ver que a putrefação moral nos adoece, mas nosso corpo nunca mente e não deixará de padecer se permanecermos nos escondendo em máscaras de hipocrisia fingindo não ver o mal que está diante de nós de forma tão escancarada.
Não há desculpas cabíveis. Não combater o mal é fortalecê-lo.
Não há como ser indiferente, o meio termo não existe, a isenção não existe, a relativização não existe, se insiste em se manter em cima do muro: o mal é o dono do muro!
Mulheres e todos que amam as mulheres! A revolução acontece AGORA dentro de cada um de nós e cabe na ponta de nossos dedos!
A linda ilustração é da artista Letícia Abelha. Confira seu trabalho no insta @leticiabelha