A pílula revolucionária!
A primeira pílula anticoncepcional surgiu na década de 60 como um verdadeiro bálsamo para as mulheres, especialmente as feministas, que ansiavam pelo controle de sua fertilidade e marcou a revolução sexual. Foi o período em que as mulheres estavam entrando com tudo no mercado de trabalho e era fundamental essa possibilidade de conciliar carreira e filhos. Com a chegada da pílula pílula revolucionária tudo mudou!
Podemos transar sem engravidar!! Agora vi vantagem!! Ficamos muito transantes. É claro que a indústria farmacêutica logo se ligou na mina de ouro que tinha a sua frente e tratou de massificar a parada.
Como funciona a pílula anticoncepcional?
A pílula combinada é a mais usada e é feita da junção de um estrogênio sintético, o etinilestradiol, com uma progesterona sintética, que existem varias diferentes Levonorgestrel, gestodeno, ciproterona, desogestrel….. por isso existem varias pílulas diferentes. Elas podem variar em relação a alguns efeitos adversos, mas todas tem a mesma ação: como são ingeridas diariamente mantém um nível hormonal constante no organismo impedindo as variações características do ciclo.
São essas variações que levam a ovulação, portanto quando são inibidas a ovulação não ocorre. Por isso precisamos fazer a interrupção (pausa) para que aconteça a menstruação, do contrário nem menstruação teria(entenda o ciclo menstrual) . Aliás, junto com o surgimento da pílula, passamos gradativamente a acreditar também que menstruar é ruim, chato, desagradável, nojento e vergonhoso. Algo absolutamente natural da vida da mulher passou a ser um problema mensal do qual gostaríamos de nos livrar.
Cinco décadas depois da chegada da pílula nos encontramos num cenário de total desconexão com nosso corpo feminino, dentre outras coisas porque não conhecemos como ele funciona longe dessa medicação. Anticoncepcionais são prescritos para quase todos os distúrbios ginecológicos: se a mulher menstrua demais, se menstrua de menos, se tem cólicas, se tem TPM, cisto no ovário, miomas, até mesmo espinhas….Tudo é tratado com a bendita, sem que se análise minimamente as causas disso tudo, individualmente em cada mulher.
Prescreve-se pílulas anticoncepcionais para meninas de 13-14 anos antes mesmo de iniciarem sua vida sexual por “menstruação irregular”, algo absolutamente normal nessa idade. Isso é o pior…. A menina não tem oportunidade sequer de começar a tentar entender o que se passa. Imagina uma mulher que inicia o uso aos 13 e toma até a menopausa que ocorre em torno dos 50 anos. Mais de 30 anos ingerindo diariamente hormônios exógenos. Precisa de muito raciocínio pra imaginar que isso não pode fazer bem??
Mas afinal o que há de errado com a Pílula Anticoncepcional??
Esses dias uma grande amiga me perguntou: Bel, por que você tem raiva da pílula?? Miga, não tenho raiva, tomei por muitos anos e não estou travando uma guerra contra ela. A principal coisa que desejo levar às mulheres é a informação, a consciência. Muitas mulheres estão sentindo desejo de parar, questionando o por que, avaliando os riscos. É como se seus corpos estivessem pedindo isso, e a ginecologia natural nos incentiva a ouvi-los.
Já faz tempo que virou babado que anticoncepcionais aumentam o risco de trombose. Trombose é a formação de coágulos nas veias que podem levar a AVCs, embolia pulmonar e outras tragédias, nem sempre fatais. Os hormônios contidos nas pílulas alteram o sistema de coagulação e sim, aumentam em cinco vezes essa chance. Mas também é verdade dizer que o percentual de mulheres usuárias de pílulas que desenvolvem trombose não é grande, e aumenta em casos em que há combinação de outros fatores de risco, principalmente predisposição genética (que ninguém tem como adivinhar se tem) e o tabagismo – este um hábito comum, quantas mulheres fumam e usam AC?? Vaaarias – isso multiplica centenas de vezes a chance. E as pílulas mais modernas são ainda piores nesse quesito.
Tá. Isso a gente já sabe, conta uma novidade.
A novidade, que nem é nova, é que essa ingestão contínua de hormônios nos altera todinhas. Nosso humor, nossa disposição, nosso ânimo pra vida, nossas relações interpessoais. Como somos únicas em nossas maravilhosidades individuais, isso varia muito de mulher pra mulher. A pílula pode causar depressão e redução drástica da libido e muitas mulheres passam anos achando que a vida é assim, essa coisinha mesmo. Só notam o brilho que tava apagado quando param de tomar. Fora a sensação de inchaço, peso, queda de cabelos, dor de cabeça, enxaquecas que muitas relatam.
Mulheres que dizem não sentir nada com o uso da pílula muitas vezes nem se lembram como eram antes dela. Até porque os anos passam e tudo muda né. Mas também tem mulheres que gostam, que se sentem bem, que avaliam os riscos e consideram os benefícios maiores e eu digo: Usem! Ninguém sabe mais de você do que você mesma. O importante é ter consciência do processo e fazer suas escolhas.
Seu corpo, suas regras SEMPRE! E você é bem vinda aqui, a ginecologia natural não é só isso e isso não te faz menos mulher.
É como o parto natural x cesárea. Eu tenho centenas de argumentos que me fazem crer firmemente que o parto normal é o melhor pra mulher e vou sempre incentivar minhas pacientes e amigas a isso. Mas se mesmo assim uma mulher diz pra mim que opta pela cesárea, é um direito dela e eu vou defende-lo. E ta tudo bem.
Estamos juntas. Somos irmãs. Não somos rivais. Nós somos a revolução.