O conhecimento do ciclo menstrual é de absoluta importância para a mulher, para muito além da contracepção natural. Percebermos e aceitarmos nossa natureza cíclica é entrarmos em harmonia com o que há de mais profundo nos mistérios do planeta.
Somos a natureza manifesta em nosso corpo de mulher. Tudo ao nosso redor se dá em ciclos. Os dias, os anos, as plantas que crescem, dão frutos e depois morrem. As quatro fases da lua, as quatro estações, as quatro fases de nosso ciclo menstrual. Fazemos parte desse funcionamento perfeito.
Falar em respeitar os ciclos nos tempos modernos, especialmente na vida urbana, parece irreal.
Nosso tempo interno não está sincronizado ao tempo externo e sentimos frequentemente essa desarmonia. A natureza cíclica feminina não parece ser adequada às demandas de um mercado que exige produção constante. E para dominá-lo a mulher precisou abrir mão dessa natureza, se masculinizar e desligar seu ciclo através de pílulas anticoncepcionais e outros medicamentos que o mascaram e tornam as mulheres lineares e invariantes.
No entanto, esta desconexão com nosso interior não nos fez mais fortes, pelo contrário. Quando voltamos a olhar e sentir nossos ciclos internos de forma consciente percebemos que é exatamente aí que reside a nossa força. Lutar contra a natureza nunca foi uma boa ideia. Não há dúvidas que perderemos. Entender nosso ciclo como nosso grande aliado é a verdadeira luz que se acende e clareia nossos pensamentos e nossa vida.
A mulher que menstrua pode se ver realmente. Pode entender como e porque a cada momento ela se mostra e se sente de uma forma e que isso não é ruim. Aprende que cada fase, como fase que é, passa. E sempre volta depois também. E ela pode usar isso ao seu favor. Não estar submetida ao ciclo, mas girar junto dele num equilíbrio dinâmico. Não ser vítima e sim mestra de si mesma.
São muitos os ciclos que podemos admirar e assim compreendermos o deixar ir e o deixar chegar. Saber que o dia e a noite, o frio e o calor, a alegria e a tristeza sempre virão novamente, então vivamos o que se mostra agora, sem resistir.
Para nós, mulheres, o maior instrumento de conexão com os ciclos da natureza é o nosso ciclo menstrual.
É a reprodução do todo em nós e de nós no todo. Quando observamos nossa menstruação juntamente com os ciclos lunares, plantamos nossa lua sob a forma de nosso sangue menstrual, oferecendo-o de volta à Terra, reverenciamos esse ciclo da vida e nos sentimos realmente pertencentes a todo esse organismo universal.
O ciclo menstrual é o ciclo de morte, vida e renascimento que todas as mulheres passam, todos os meses. Podemos perceber em cada fase que tipo de atividade nos dedicaremos com mais prazer e eficiência e respeitaremos que nem todos os dias servimos pra tudo. Não precisamos ser sempre fortes, ou sempre frágeis, ou sempre atentas. Um dia posso estar aberta, falante, disposta a ajudar, no outro calada, focada em mim mesma.
Conhecer cada fase dessa roda da nossa própria vida nos permite escolhermos qual o melhor momento para tomarmos certas decisões, iniciarmos coisas novas ou pararmos e aguardarmos um pouco. E aquilo que não terminamos podemos recomeçar e transmutar a cada giro.
A conexão com o ciclo menstrual ativa nossa intuição, nossa sabedoria, conhecemos nosso corpo e ele sabe tudo sobre a gente. Aprendemos a ouvi-lo, senti-lo, perceber nas sutilezas as grandes respostas de nossas dúvidas. Esse é o primeiro passo do caminho para a cura em diversas esferas.
Cada fase da lua, da nossa vida e de nosso ciclo menstrual tem algo a nos dizer.
Nos apoderarmos disso é transformador e muito lindo. Eu estou aprendendo também. Isso é Ginecologia Natural em sua forma mais pura!