Entendendo o ciclo menstrual (de forma simples, ufa!)

Parece complicado, mas entenda como funciona.

Entender os nossos corpos, mulheres, é poder. Poder sobre nós mesmas: o mais poderoso de todos os nossos super poderes. O ciclo menstrual, do ponto de vista fisiológico e hormonal, é complicado, mas saber o que acontece conosco todos os meses é fundamental. É complicado, sim. Complicado e perfeitinho esse universo cíclico das mulheres – literalmente – de fases. Parece complicado, mas entenda com funciona.

Durante a vida reprodutiva, nós nos preparamos todos os meses para engravidar (pelo menos é isso que o nosso corpo acha). A idade reprodutiva vai da primeira menstruação (menarca) até a última (menopausa). É o período em que a mulher é capaz de se reproduzir. E, olhando pelo lado evolutivo da espécie, foi pra isso que a gente veio, mesmo: pra se reproduzir e perpetuar nossos incríveis gens no planeta. A gente sabe que não é bem por aí, e é exatamente o conhecimento sobre esse processo que garante que seja a nossa vontade – e não a da natureza de Darwin – a escolher o momento de engravidar.

Nós mudamos muito a cada uma das fases do ciclo menstrual. Corpo, mente e emoções. Saber em qual delas você está ajuda a entender e aceitar cada momento – e também permite a detecção precoce de algo que não está bem de uma maneira muito simples: você perceberá que algo não está normal. Mas isso só é possível se você se conhecer bem.

Primeiro, vamos aos básicos:

um ciclo menstrual dura do primeiro dia da menstruação até o primeiro dia da próxima menstruação (entenda o primeiro dia como a primeira borrinha de sangue que suja a calcinha). Tipicamente ele dura 28 dias, mas variar sete dias para mais ou para menos é normal. Podemos dividi-lo em quatro fases: a fase da menstruação, a fase proliferava, a fase ovulatória e a fase secretiva (ou pré-menstrual).

E é assim que vai: a fase da menstruação, a fase proliferava, a fase ovulatória, a fase secretiva (ou pré-menstrual), a fase da menstruação, a fase proliferava, a fase ovulatória, a fase secretiva (ou pré-menstrual), a fase da menstruação, a fase proliferava, a fase ovulatória e a fase secretiva (ou pré-menstrual). AD ETERNUM.

Essa adorável montanha-russa interna acontece devido a regulação dos hormônios. Tudo começa na hipófise, uma glândula que fica lááá dentrão do nosso cérebro. Ela é pequenininha mas é quem manda em tudo quando o assunto são os hormônios. Se ela pirar é pane no sistema.

A hipófise secreta vários hormônios. Eles têm a função de estimular outras glândulas a produzirem ainda outros hormônios. Entre eles está o FSH (sigla em inglês para Hormônio Folículo Estimulante) e LH (Hormônio Luteinizante). Ambos são como mísseis teleguiados: vão diretamente para os ovários e têm a função de bota-los pra trabalhar. O FSH e O LH são produzidos o tempo todo, mas cada um tem sua vez de brilhar.
A primeira metade do ciclo é composta por duas fases: a da menstruação e a fase proliferava. Em ambas o que predomina é a produção do FSH.

O FSH estimula a produção de outro hormônio: o estrogênio. Quem fabrica isso são os ovários. É por isso que essa fase também é chamada de fase estrogênica ou folicular. É quando o corpo está preparando o terreno para a chegada triunfal do folículo, que nada mais é do que o óvulo.

A menstruação dura, em média, quatro dias. Em média porque pode durar só dois ou chegar até sete sem problema nenhum. Esse é o período em que o endométrio (quem?) está descamando após a expectativa – frustrada – de acolher um embrião. Algumas pessoas romantizam e dizem que o útero chora todos os meses em que não engravidamos. Oh, dó!

Importante: ENDOMÉTRIO é o nome dado à camada de células internas do útero.

A segunda fase é chamada de proliferativa.

As células endometriais estão se proliferando, aumentando em número e preparando uma cama de células bem fofinha para esperar mais uma vez a chegada do baby – depois que todo o trabalho do mês anterior foi jogado fora na menstruação que acabou de acontecer.

Ao longo de todos esses dias que constituem a primeira metade do ciclo menstrual, os níveis de FSH – que começaram bem altos – vão diminuindo. O gatilho para esse movimento é o aumento dos níveis de estrogênio na circulação sanguínea (lembra que o FSH faz com que o corpo produza estrogênio?). O nome desse mecanismo é feedback – ou retroalimentação para os discípulos de Camões – e ele é bem lógico: a presença de níveis elevados de um hormônio envia mensagens para a hipófise diminuir a produção de outro. É uma auto-regulação do organismo. (Para entender melhor como funciona esse lance de feedback, clique aqui).

Pausa. Volta pra trás. Beeeeem pra trás. Bem, mesmo.

Volta pra quando nós mocinhas éramos embriões de apenas 20 semanas no útero das nossas mães. É nesse momento da nossa vida que são formados TODOS os nossos futuros óvulos: celulinhas minúsculas chamadas oócitos, tipo uns pré-óvulos. Quando nascemos eles são, aproximadamente, dois milhões. E ficam lá, guardadinhos, esperando a puberdade pra servirem pra alguma coisa. Só que quando chegamos na puberdade eles já sofreram uma baixa sinistra: sobraram só uns 400 mil, dos quais apenas 500, mais ou menos, tem alguma chance de vencer na vida e virar óvulos.

Fim da pausa.

Estamos lá na primeira metade do ciclo e a cena é: FSH estimulando a secreção do estrogênio pelos ovários, um vai subindo enquanto o outro vai descendo, e isso tudo vai levando ao amadurecimento gradual dos tais oócitos, que estão ainda dentro dos ovários, doidos pra sair. Mas pra sair precisa ter realmente maturidade pra isso (lembrou da sua adolescência e da sua mãe, né?).

Correndo por fora e chegando junto temos o LH, que começa a se elevar devagar. Só que, de repente e não mais que de repente, o LH dá um super pico. Isso é causado pelos altos níveis de estrógeno. Então, até agora:

  1. O FSH fez produzir estrogênio;
  2. Os altos níveis do estrogênio fizeram o FSH diminuir;
  3. Os altos níveis do estrogênio causaram o pico de LH.

Esse pico de LH é o auge, mulher. O sucesso de todo o ciclo.

É isso que causa, dentre outras coisas, a ovulação. Salvo exceções, apenas um dos tantos pré-óvulos atinge a maioridade (penal haha) e é liberado pelo ovário. Pronto, ovulei.
Partiu segunda fase do ciclo: a luteínica – ou secretora.

Como tudo que sobe um dia desce, o LH começa a diminuir (no gráfico abaixo dá pra entender melhor) – mas não sem antes cumprir mais uma importante missão: tornar possível a formação do corpo lúteo ou corpo amarelo. Esse corpo lúteo é um montinho de células deixadas para trás pelo folículo ovulado (aquele, que atingiu a maioridade penal e saiu do óvulo agora há pouco). Esse montinho fica lá, lindão, com uma única função: o bichinho produz a maravilhosa da progesterona, o hormônio dominante nessa fase (os estrógenos continuam sendo produzidos, mas em menor quantidade).

Importante: A segunda fase do ciclo costuma ser fixa na maioria das mulheres. Dura uns 14 ou 15 dias. A primeira fase é a que varia mais em número de dias.

O corpo lúteo e a progesterona são quem sustenta o início da gravidez. Lembram que o objetivo de toda essa loucura era isso, né? Então, na segunda fase estamos assim: o endométrio se torna secretor, convidativo, receptivo, lindo, super espesso. Perfeito. O corpo amarelo e as altas doses de progesterona estão na maior expectativa, só esperando a notícia de que rolou a fecundação daquele óvulo lá nas trompas. Quem acredita sempre alcança. O que eles querem é um zigoto, que é o resultado da união do óvulo com o espermatozóide. Tem um ambiente diferenciado, tipo suíte presidencial, criado especialmente pra ele. Se rolar, o corpo lúteo se mantém firme e forte e o que começa é outra incrível aventura – talvez a maior de todas – no corpo da mulher: a gestação.

Mas se ainda não foi dessa vez, o corpinho amarelo começa a regredir. Mó decepção. O endométrio tá no auge, mas, com a queda dos hormônios (lembra que o corpinho lúteo tá chateado, não quer produzir mais nada), ele se dá conta que todo o trabalho foi vão e começa a descamar. E aí, adivinha? Lá vem ela de novo: a menstruação. Nossa parceira mensal. E vamos nós começar tuuuuudo de novo.

Mas aí é que tá uma novidade, gata: nem todo trabalho foi em vão.

Mesmo que não ocorra a gravidez, tudo isso tem MUITO significado e importância na vida de todas nós.

Eu contei aqui como acontece a questão fisiológica, do ponto de vista biológico do ciclo menstrual. Mas tudo isso vai muito além. Explica muita coisa, muda muita coisa. No meio do caminho tudo pode complicar e virar problema, assim como muita cura, muita resposta, e muita conexão podem ser encontradas. Ainda vamos falar muito sobre o ciclo menstrual, sobre o que é e o que acontece em cada fase, suas emoções e particularidades nos próximos posts. Tudo na visão da ginecologia natural.

Quem não entendeu alguma coisa ou não entendeu nada, vai nos comentários e pergunta que eu faço questão de esclarecer tudo.

Quem super entendeu e tá se achando demais, entendedora de ovários e tal, mostra prazamigas, compartilha conhecimento que ele é pra isso mesmo.

Termino colocando uma observação muito importante: tudo isso aí só acontece com mulheres que estão tendo seus ciclos normais, naturais. Com uso de anticoncepcionais hormonais, quaisquer que sejam, nada disso acontece. A mulher não ovula (e por isso não engravida) e não cicla com seu próprio corpo. Seu ciclo menstrual é artificial e a observação e o auto-conhecimento – neste sentido – não são possíveis.

Aqui uma imagem que ajuda a explicar tudo que coloquei acima:

ciclo-menstrual

As mulheres que tanto precisam e pedem por uma medicina mais humana, por médicos que as ouçam verdadeiramente, que respeitem suas peculiaridades, que as empoderem ao invés de lhes levar à dependências e inseguranças diversas.
Sei que ao meu lado estarão muitas mulheres nessa busca VERDADEIRA.

Bel Saide

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